Passo despercebido por entre as
prateleiras de uma livraria em ruínas: Foucault, Deleuze, Deleuze, Foucault,
Foucault, Foucault... Conto as moedas para o café e lembro que talvez eu
colecione mais amores que o Botafogo títulos. Mas você já não me ama, então é
como se a estante de glórias e outras quinquilharias viesse abaixo. Posso
trocar o expresso por conhaque? Há que se admitir: o rapper da periferia
paulistana cai muito bem na programação de uma rádio cool – já nem se usa dizer
crioulo a não ser para louvar o próprio! Vinte e oito, vinte e nove, trinta e
tantas pintas beijadas com fervor... Chega dói! Alguém me aborda na saída e, se
bem que eu traga a minha autobiografia não autorizada a tiracolo, não é pra
tanto essa sirene. Perdão? Não, eu mesmo não perdôo e nada é mais trágico do
que um comediante falando sério. De repente, sei lá, você tinha outro e eu não tinha outra opção além de quebrar a casa toda e/ou desejar felicidades. Perco mais um amigo
comunista nos porões do imaginário coletivo enquanto reivindico em praça
pública o direito de te amar e odiar o PT ao mesmo tempo. Quem liga?
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