sábado, 13 de dezembro de 2014

LIVRARIA EM RUÍNAS

Passo despercebido por entre as prateleiras de uma livraria em ruínas: Foucault, Deleuze, Deleuze, Foucault, Foucault, Foucault... Conto as moedas para o café e lembro que talvez eu colecione mais amores que o Botafogo títulos. Mas você já não me ama, então é como se a estante de glórias e outras quinquilharias viesse abaixo. Posso trocar o expresso por conhaque? Há que se admitir: o rapper da periferia paulistana cai muito bem na programação de uma rádio cool – já nem se usa dizer crioulo a não ser para louvar o próprio! Vinte e oito, vinte e nove, trinta e tantas pintas beijadas com fervor... Chega dói! Alguém me aborda na saída e, se bem que eu traga a minha autobiografia não autorizada a tiracolo, não é pra tanto essa sirene. Perdão? Não, eu mesmo não perdôo e nada é mais trágico do que um comediante falando sério. De repente, sei lá, você tinha outro e eu não tinha outra opção além de quebrar a casa toda e/ou desejar felicidades. Perco mais um amigo comunista nos porões do imaginário coletivo enquanto reivindico em praça pública o direito de te amar e odiar o PT ao mesmo tempo. Quem liga?

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